03 agosto, 2010

Escritora? Nah!


Por: Rhaíssa Porto / Sem Categoria 
 "Eu ainda podia sentir a brisa que vinha da praia. Já eram duas horas da manhã, e nem um respingo de sono moveu as minhas pálpebras. Deve ser por causa do aperto no coração que eu estava sentindo. Dois meses eram realmente muito tempo para ficar sem ver o rosto da pessoa que você mais ama nesse mundo. Meus pais já estavam dormindo, - afinal, quem não pegaria instantaneamente no sono, com aquele barulho das ondas quebrando?- e eu tive uma súbita vontade de ir caminhar na beira da praia. Eu não estava conseguindo dormir, e tampouco tinha vontade de fazê-lo, então decidi que iria obedecer minha vontade, e ir de encontro ao mar. Ver o mar me acalmava – sempre me acalmou. Quando eu estava com problemas, o oceano era o meu único verdadeiro amigo, que me escutava e até mesmo aconselhava – o barulho das ondas eram como palavras de consolação derramadas sobre meus ouvidos. Não fiz barulho algum, peguei minhas chaves e o celular, e saí pela rua – ainda silenciosa, com medo de que alguém notasse a minha pequena ‘travessura’. A casa de praia ficava a somente duas ruas da casa do meu melhor amigo – o mar, mas mesmo assim dei passadas longas para apressar-me, pois eu precisava de algum consolo, alguém – ainda que não uma pessoa- para me dizer o que fazer.
Cheguei. Caminhei pela beira da praia, molhando muito pouco meus pés – a água estava gelada. A noite estava linda: cheia de estrelas, e a lua, brilhante como nunca. Ainda que a iluminação que cobria a rua mais próxima da praia fosse escassa, a noite estava clara – o breu, que tanto me sufocava, agora não existia mais. Sentei, com alguma esperança de que meus pais não notassem a minha falta – só agora tinha visto o tamanho da loucura que eu tinha feito. Sem pestanejar, ao olhar as ondas e ao sentir o vento batendo em meus cabelos, caí em lágrimas de dor – parecia uma criança ao ser tirada do colo da mãe. Eu estava morrendo de saudades, não podia me conter, aquelas lágrimas estavam sufocadas havia tempos, e essa era a hora de dizer pra mim mesma o quão covarde eu fui quando o abandonei. Augusto era um garoto diferente de todos os outros – ele não era imaturo, ou irresponsável como os outros de sua idade. Ele tinha o sorriso mais lindo de todos, aquele sorriso que, instantaneamente, melhorava o seu dia, como num passe de mágica. Ao contrário do que pensei que ia, o mar só me fez mal. Comecei a me lembrar de tudo o que passamos juntos, de todas as nossas conversas, das risadas sem motivo, e chorei mais ainda. Por incrível que pareça, me desfiz completamente daquela máscara de ‘forte’ que eu trazia escondendo minha face, e me senti a pior das criaturas – afinal, eu havia jurado a ele que toda essa turbulência nunca iria acontecer no nosso ‘relacionamento’. O relógio do calçadão bateu três horas da madrugada, e pensei alto ‘Nossa, fiquei por uma hora inteira parada e chorando aqui, isso é muito tempo.’ Me levantei, enxuguei os vestígios de lágrimas do meu rosto e o lavei com a água salgada e fria que estava a minha frente. Estava decidida a voltar pra casa, quando o celular tocou. Estremeci. ‘E se fossem meus pais, me procurando? O que eu faria? Pegaria castigo eterno, nossa!’ essas eram as únicas palavras que passavam pela minha mente. Sem hesitar, peguei o celular para conferir o número que estava me ligando. Não eram meus pais. Não era nenhuma amiga. Era o nome que eu tanto temia, mas temia de um jeito complexo: Augusto. Imediatamente, lembrei-me dele arrumando a pouca franja que restava por sobre sua testa, ajeitando o casaco xadrez e sorrindo – um sorriso breve, mas que, como sempre, me deixou alegre.
‘ Luiza, é você? Não estou te incomodando, estou? Mil desculpas, mas eu precisava ouvir sua voz. Eu não consigo dormir há dois dias, to com muita saudade. Desculpa mesmo, eu ia mandar um sms, mas você sabe, eu precisava ouvir sua voz.’ – disse ele, num tom encabulado até demais.
‘Eu estou na praia. Eu sei, parece insano falar isso a essa hora, mas não estou mentindo. Augusto, eu vim parar aqui por sua causa, eu não agüento mais essa saudade. E me desculpe você, pelo tom desesperado da minha voz...’- caí em lágrimas outra vez. Meu Deus, nunca tinha me dado conta do quanto eu era frágil!
‘Aaai...Não chore, por favor. Vou me sentir a pior das criaturas se for o motivo de uma lágrima sequer que escorra dos seus olhos. Eu também estou com muita saudade. Já fazem dois meses que eu não te vejo...parece que tem uma lâmina arranhando meu coração. Mas olha só, pensa que daqui a duas semanas nós vamos nos ver. São só duas semanas! – vibrou ele. E duas semanas não são nada perto de todo o tempo que nós esperamos, não é mesmo?’
Controlei-me, e parei de chorar.
‘Eu sei, mas - fiz uma pausa- não vou aguentar. – falei, com um certo desânimo na voz. Prometo que vou tentar, mas eu vou te ligar todos os dias ta? Preciso saber se você está bem e tudo mais...’
‘Claro, claro. Mas aí deve ser perigoso, Mel. Volte pra casa! Você ta me deixando preocupado, sozinha aí...Por favor, faça o que eu estou te pedindo. E deixa essa história de ligar todos os dias pra mim, eu te telefono, vai ser bem melhor.’
‘Ok.’ – disse, olhando para a pulseira com um coração que estampava o seguinte dizer: “oma et ue”, que, de trás pra frente, significava ‘eu te amo.’ Augusto era apaixonado por coisas ‘estranhas’, e era até um pouco nerd. Se interessava por todos os assuntos no estilo ‘teorias da conspiração’ ou ‘vida fora da Terra’. Aquilo me amedrontava um pouco, mas até eu estava começando a me interessar por coisas desse tipo também.
‘Olhe para a sua pulseira, e nunca se esqueça do dia em que eu a dei de presente pra você. Tenho que desligar, eu te amo.’
‘Já estava olhando. – respondi, com um sorriso no rosto. E você também nunca se esqueça daquilo que eu te digo todos os dias: eu te amo bem mais do que você pode imaginar.’
Desligamos. E aquela foi a melhor conversa por telefone que eu já tive com alguém. Recolhi minhas chaves, e comecei a caminhar por dentro do mar, na parte rasa. A água estava gelada como nunca, mas eu nem estava ligando. ‘Eu falei com ele, tudo já está bem.’ era a única coisa que eu conseguia manter em minha mente por esse momento. Caminhei lentamente, e cheguei até a casa em que estávamos hospedados. Deitei-me, ainda com os pés molhados, e mergulhei profundamente no sono que havia estado em falta durante todo esse tempo que eu estivera ficado sem falar com Augusto."
Mil desculpas pelo texto amador, é o meu primeiro. Estava sem nada pra fazer, de repente comecei a escrever, surgiu a ideia e eu postei aqui. Beijos <3

1 comentários:

Jú. disse...

ameei rhá *-*